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Em todo o Estado de São Paulo há mais de 9,3 milhões de pessoas com pelo menos um tipo de deficiência física, segundo dados do último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010, divulgado recentemente. Para tentar mapear os locais onde vive essa população na capital – e também pessoas com mobilidade reduzida, como idoso, obesos etc – a prefeitura está distribuindo um formulário para os moradores da cidade, o Censo Inclusão.
Segundo a Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, depois de mapear esse público, novas políticas serão criadas com base em cada região. Para a arquiteta Carolina Fomin, especializada em acessibilidade, ainda há muito para melhorar na cidade de São Paulo, apesar do “avanço considerável que tivemos nos últimos dez anos”.
De acordo com a especialista, uma cidade acessível deve unir “segurança, conforto e autonomia para todos”, diz. “São os três princípios básicos, independente da capacidade da pessoa, se ela está grávida, com o pé quebrado, se é idosa e usa bengala, se é anã, ou deficiente”, acrescenta.
Problemas
Para que a cidade se adeque a esse conceito, Carolina acredita que um bom começo seria com melhorias nos edifícios. “Temos que começar pelos edifícios públicos e de uso coletivo, como escritórios, comércios, escolas…”, explica.
A legislação “estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação”.
Ainda de acordo com Carolina, os bancos, cartórios e shoppings centers recentemente se reformularam para receber pessoas com mobilidade reduzida, respeitando a lei 10098/2000.
Calçadas
Além das edificações, a arquiteta lembra que as calçadas da capital também merecem uma atenção especial. “Elas são o básico e já deveriam estar acessíveis”, afirmou. “O grande problema é que há alguns anos não se pensava em acessibilidade. Então elas foram criadas com degraus, outras muito estreitas, ou altas etc.”, completou Carolina.
“Nas calçadas, a gente prioriza o carro e não o pedestre”, disse ainda. E, como são de responsabilidade do proprietário da residência, a arquiteta acredita que elas deviam ter um padrão. Dessa forma evitaria a questão de desnível, do uso de pisos escorregadios e outros problemas que dificultam a passagem.
Outra situação que dificulta a locomoção da população com mobilidade reduzida é o transporte público, que deve ter espaço e equipamento destinado a esse público e profissionais treinados para manusear esses equipamentos.
Conscientização
Por fim, um grande trabalho de conscientização deve ser feito. “A falta de gestão pode colocar todo o trabalho em risco. Em bancos, por exemplo, tem a faixa de transferência (para o cadeirante sair do carro e ir para a cadeira), mas alguns motociclistas acham que a vaga é deles. Mas, às vezes, eles nem sabem para que serve aquela faixa”, ressaltou Carolina.
Tornar a cidade mais acessível é um benefício para toda a população. “Se as pessoas ainda não utilizam, vão utilizar no futuro. Ainda seremos idosos. As melhorias não são apenas para as pessoas deficientes, são para todos. A instalação de um corrimão, por exemplo, se bem feita, ajuda todo mundo. É bom para quem tem alguma dificuldade, é bom para que está cansado…”, afirmou.
Apesar das dificuldades, Carolina é otimista. “Ainda temos muito por fazer, mas vamos chegar lá”, finaliza a especialista.
Censo
Segundo a Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, o censo-inclusão “tem o objetivo de identificar, mapear e cadastrar o perfil socioeconômico das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e levantar informações que sirvam de parâmetro para criar e reformular políticas públicas”.
O formulário chegará por correio a 2,4 milhões de moradias (utilizada a mesma base de dados do IPTU). Os formulários também poderão ser retirados em quaisquer das 31 subprefeituras. Depois de preenchido, deverá ser devolvido às agências e caixas de correio, com postagem gratuita, na forma de Carta Resposta Comercial.
“Outra opção para o preenchimento do formulário será por meio do site do censo, que disponibilizará as informações, com recursos de acessibilidade, permitindo às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida preencherem o questionário com segurança e autonomia”, informou a secretaria.
Escrito por: Eraldo